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Bioenergia é responsável por 25% da eletricidade de São Paulo

Bioenergia de resíduo agrícola é responsável por 25% da eletricidade de São Paulo

A maior quantidade de descartes da produção agrícola para gerar eletricidade e a utilização de resíduos sólidos urbanos para essa mesma finalidade poderiam tornar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de São Paulo negativas ou até neutras, segundo avaliam pesquisadores ligados ao Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).

O Estado possui matriz energética entre as mais limpas encontradas, com cerca de 50% de biocombustíveis para o transporte, e o uso de resíduos agrícolas para a produção de energia contribui com 25% da energia elétrica  utilizada nas residências das cidades de São Paulo.

Essa participação pode saltar para 70% com o uso de parte da palha da cana-de-açúcar e que é deixada no campo após a colheita e para 98% com a utilização total desse insumo para a cogeração de energia pelas usinas sucroalcooleiras paulistas que aderiram ao Renovabio. 

Segundo Gláucia Mendes de Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e membro da BIOEN, durante o seminário on-line Valorização de resíduos, realizado em 24 de fevereiro.

No seminário, FAPESP e Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente realizaram a assinatura de um protocolo de intenções com o objetivo de estimular projetos científicos e tecnológicos voltados para a valorização de resíduos.

Bioenergia e bioprodutos

Nos últimos anos, alguns pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (Nipe-Unicamp) tem estudado métodos a fim de localizar, quantificar e caracterizar esses resíduos agrícolas e urbanos para produção de bioenergia e também a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2).

Através de ferramentas espaciais é possível identificar a região onde estão os resíduos agrícolas e urbanos e avaliar a viabilidade econômica em instalar uma indústria processadora para conversão desses insumos em bioenergia e bioprodutos.

O método foi aplicado primeiramente para avaliar a região administrativa de Campinas, que conta com 92 cidades. 

Os pesquisadores relataram que os resíduos em maior quantidade têm origem na produção de cana-de-açúcar e que resíduos sólidos urbanos ainda descartados incorretamente teriam potencial para produzir energia em proporção equivalente ao de uma usina sucroalcooleira, produzindo  cerca de 100 milhões de litros por ano.

Alternativa aos aterros

Com base nos dados apresentados por Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), atualmente 40% do lixo produzido no Brasil é destinado aos lixões, aterros controlados e aterros que não conseguem capturar o metano ou realizam isso de maneira errada.

Apenas 50% do metano produzido pelos resíduos urbanos é capturado pelos aterros. O resto é lançado na atmosfera, sendo 25 vezes mais nocivo do que o CO2.

O tratamento térmico também gera de sete e dez vezes mais energia com as mesmas quantidades.

Um aterro gera 65 quilowatts (kW) de biogás por tonelada de resíduos sólidos, já o tratamento térmico produz entre 450 e 600 kW, segundo relata especialistas.

No Estado de São Paulo, há cinco projetos de construção de usinas de tratamento térmico, distribuídas pelos municípios de Barueri, Mauá e Diadema e na Baixada Santista, possuindo 183 megawatts (MW) de potência instalada no total.


Imagem em destaque: Foto/Reprodução Internet