Os cientistas estão explorando diversas formas de combater o aquecimento global, e uma das mais recentes inovações é a tecnologia de bloqueio solar, que utiliza nuvens para refletir a luz solar e resfriar temporariamente o planeta.
Recentemente, pesquisadores dos Estados Unidos realizaram o primeiro teste ao ar livre dessa técnica inovadora, conhecida como clareamento de nuvens marinhas.
Clareamento de nuvens marinhas: como funciona?
As nuvens têm a capacidade natural de refletir a luz solar de volta para o espaço. A técnica de clareamento de nuvens marinhas visa amplificar esse fenômeno natural.
Para isso, os cientistas injetam partículas de sal marinho (aerossóis) em nuvens baixas sobre o oceano, aumentando sua refletividade e reduzindo a quantidade de luz solar que atinge a Terra.
Esse método é uma forma de geoengenharia solar, onde a radiação solar é modificada para desviar mais energia de volta ao espaço.
Testes na baía de São Francisco
Uma equipe da Universidade de Washington liderou os experimentos para testar a eficácia dessa tecnologia na Baía de São Francisco.
Utilizando um pulverizador especial a bordo do porta-aviões Hornet, os cientistas liberaram partículas microscópicas de sal marinho no ar.
Em versões maiores desse projeto, navios equipados com máquinas de pulverização maciça injetarão essas partículas no ar.
O tamanho das gotículas de sal é crucial para a refletividade das nuvens. Gotas menores aumentam a refletividade, enquanto gotas maiores reduzem a eficácia do processo.
A equipe testou a consistência do pulverizador na criação de aerossóis do tamanho adequado para maximizar a refletividade das nuvens.
Potenciais efeitos colaterais
Apesar do potencial do clareamento de nuvens marinhas, a técnica não está livre de preocupações. Cientistas expressam ceticismo sobre os impactos dessa forma de geoengenharia em larga escala, temendo que ela possa alterar os padrões climáticos, como a circulação oceânica e a precipitação.
Mesmo a equipe responsável pelo teste reconhece a necessidade de estudar os possíveis efeitos colaterais dessa intervenção climática.
Sarah Doherty, cientista atmosférica e diretora do programa de clareamento de nuvens marinhas da universidade, mencionou que é vital explorar e testar a viabilidade de tais tecnologias de intervenção “caso a sociedade precise delas”.
“O objetivo do Programa MCB é entender se é possível prever e confiar no clareamento de nuvens marinhas baixas, e se sim, como fazer isso em diferentes regiões do globo afetaria temperaturas, precipitação e clima tanto global quanto localmente – assim como quaisquer outros possíveis efeitos colaterais,” disse Doherty.
“Como cientistas atmosféricos, pensamos que é extremamente importante que a sociedade tenha respostas para essas questões antes de tomar qualquer decisão sobre o uso do clareamento de nuvens marinhas na tentativa de reduzir os riscos climáticos,” acrescentou ela em um comunicado à imprensa.
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Fonte: Interesting Engineering