Walter Marchesini Jr. é engenheiro de automação e trabalha no maior acelerador de partículas localizado no Hemisfério Sul, na cidade de Campinas, a 100 km da capital paulista. Lá ele relata que absolutamente tudo foi feito com uma precisão absurda.
O piso de concreto possui 1,5 m de espessura, porém é muito plano ao longo de sua extensão, o maior desnível encontrado nele é possui cerca de menos de 2 centímetros. A temperatura contida no ar-condicionado flutua no máximo 0,1 ºC.
O acelerador, denominado Sirius, é a empreitada mais ambiciosa e também a mais cara da ciência brasileira. Começou a ser idealizado em 2003, pelo valor de R$1,8 bilhão, porém a obra só saiu do papel em 2014.
O Sirius é capaz de impulsionar elétrons a 1,07 bilhão de km/h (quilômetros por hora) praticamente a velocidade da luz.
Além de viajar a essa velocidade, cada elétron presente no Sirius atinge uma energia de 3 GeV, equivalente a levar um choque de 3 bilhões de volts, lembre-se que a tomada da sua casa possui uma voltagem de 220.
Ou mesmo, algo que pareça com uma máquina de tomografia gigante.
Utilizando essa radiação, é possível que se estude mais aprofundadamente doenças neurodegenerativas como por exemplo o Alzheimer e Parkinson.
Criar novos remédios e desenvolver melhores métodos para extrair petróleo de rochas, também, entre outras aplicações de extrema importância tanto econômica quanto social.
O que acontece dentro do Sirius?
O Sirius precisa, produzir muita quantidade de elétrons e conseguir acelerá-los. Esses primeiros processos acontecem em uma máquina denominada acelerador linear, ela possui esse nome porque ali os elétrons percorrem uma linha reta, como o próprio nome sugere.
Após a produção dos elétrons, é deve-se acelerá-lo dentro do Sirius. Os elétrons são atraídos de um lugar mais alto para um mais baixo por conta da diferença de potencial.
Quanto maior a diferença de potencial entre os pontos, os elétrons se deslocam de um ponto em direção ao outro com maior intensidade.
No acelerador linear ela é de cerca de 80 mil volts – cerca de 27 vezes maior que a voltagem da rede elétrica da sua casa.
Depois de passar por um segundo tubo, os elétrons estão praticamente na velocidade da luz. É nesse ponto que eles saem do acelerador linear e passam a andar em círculos pelo Sirius.
O objetivo dessa corrida presente no acelerador é: no momento em que os elétrons acelerados fazem uma curva, eles deixam de espirrar a radiação. O Sirius possui imãs que forçam os elétrons a fazer curvas o tempo todo.
Imagem em destaque: Foto/Reprodução internet