Empresas farmacêuticas e de cosméticos estão adotando uma nova abordagem para evitar testes em animais, graças a uma inovação alemã chamada body-on-a-chip (corpo-em-um-chip, ou BoC).
Esse método permite criar tecidos humanos artificiais através da impressão 3D, servindo como uma alternativa mais ética e eficaz para avaliar a segurança dos produtos. Em 2023, a prática de testar cosméticos em animais foi proibida, fazendo com que a busca por métodos alternativos se tornasse ainda mais urgente.
Utilizando uma combinação de colágeno e várias células humanas, essa tecnologia produz tecidos em uma bioimpressora.
Essa máquina, guiada por instruções digitais, define o tamanho e a forma dos tecidos a serem impressos. Juliana Lago, uma bióloga que trabalha com avaliação pré-clínica na Natura, detalhou à Revista Pesquisa FAPESP como o processo simula o efeito de substâncias na pele humana.
O tecido artificial é exposto a nutrientes e oxigênio numa máquina que imita a circulação sanguínea, e então aplicam-se os produtos a serem testados para avaliar sua toxicidade.
As bioimpressoras são essenciais nesse processo, pois usam uma mistura de colágeno e células para construir essas estruturas tridimensionais.
Esse material é então modelado conforme as especificações digitais recebidas. Na 3D Biotechnology Solutions (3DBS), uma startup que contribuiu para melhorar a reprodução de tecidos intestinais, o processo é feito com células obtidas de cirurgias de fimose, conforme explica Ana Luiza Millás, diretora de pesquisa da empresa.
Ela destaca que as células dessas cirurgias são particularmente úteis para a bioimpressão, pois produzem rapidamente colágeno tipo I, essencial para a resistência e elasticidade da pele.
Essa técnica promissora não apenas elimina a necessidade de testes em animais, mas também representa um avanço significativo na precisão e na relevância dos testes de toxicidade, abrindo novos caminhos para pesquisas e desenvolvimentos mais seguros e éticos no setor de cosméticos e farmacêutico.
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Fonte: Olhar Digital