A teoria de que Marte já abrigou vida ganha força com a descoberta de evidências que sugerem que as crateras marcianas podem, na verdade, ter sido leitos de rios no passado. Novas análises de dados coletados pelo rover Curiosity reforçam essa hipótese surpreendente.
Pesquisadores desvendam a erosão em Marte
Em um estudo recentemente publicado na revista Geophysical Research Letters, cientistas utilizaram modelos numéricos para simular os efeitos da erosão ao longo de milênios em Marte. Suas investigações revelaram que as formações de crateras comuns, conhecidas como formas de relevo de banco e nariz, provavelmente são vestígios de antigos leitos de rios.
Este estudo representou o primeiro esforço para mapear a erosão do solo marciano antigo, combinando dados de satélite, imagens do rover Curiosity e varreduras 3D da estratigrafia, as camadas de rocha chamadas estratos que se acumularam ao longo de milhões de anos, sob o fundo do mar do Golfo do México. Essas descobertas surpreendentes foram conduzidas pela equipe da Universidade Penn State.
A surpreendente abundância de rios em Marte
A análise revelou uma nova interpretação das formações comuns de crateras em Marte, que até então nunca haviam sido associadas a depósitos de rios erodidos. De acordo com esses dados, Marte poderia ter sido habitado por diversos rios em um passado distante.
Essa descoberta proporciona um entendimento aprofundado sobre como os depósitos fluviais em Marte podem ser interpretados estratigraficamente, permitindo-nos olhar para as rochas marcianas como camadas de sedimentos que se acumularam ao longo do tempo. Essa análise revela a história geológica ativa do planeta e não uma paisagem congelada no tempo.
O estudo anteriormente baseado em dados de satélite identificava cristas fluviais erosivas como possíveis depósitos fluviais antigos em Marte. No entanto, os dados coletados pelo rover Curiosity na cratera Gale indicam depósitos fluviais que não estão associados a cristas fluviais, mas sim a formas de relevo que nunca haviam sido ligadas a depósitos fluviais antigos.
Essa descoberta sugere que ainda podem existir depósitos fluviais não identificados em outras partes do planeta, ampliando a extensão do registro sedimentar marciano que pode ter sido moldada por rios em uma época em que Marte era habitável. Essa nova visão ressalta a possível semelhança entre os rios marcianos e os da Terra, que desempenham um papel vital na sustentação da vida, nos ciclos químicos, nos ciclos de nutrientes e nos ciclos de sedimentos.
A equipe de pesquisadores usou varreduras de 25 anos da estratigrafia do fundo do mar do Golfo do México, originalmente coletadas por empresas de petróleo, para criar um modelo de computador que simulou a erosão semelhante à de Marte. Isso revelou paisagens marcianas que formavam bancos topográficos e narizes, ao invés de cristas fluviais, assemelhando-se notavelmente às formas de relevo observadas pelo Curiosity dentro da cratera Gale.
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Fonte: Olhar Digital
Imagem destacada: reprodução/NASA